Por quê e para quê? A cada vez que eu aperto o disparador da minha câmera a minha intenção é a mesma: te dar a oportunidade de ver e rever aquele momento quantas vezes você quiser, dividir com quem der vontade e, principalmente, que seu coração descompasse ou se acalme, exatamente como no momento em que tudo aconteceu.
Para conseguir isso, o ideal mesmo seria a gente sentar num lugar gostoso e bater papo, falar sobre a vida, sobre sonhos e expectativas. Mas, infelizmente, nessa vida corrida que a gente leva, nem sempre isso é possível. Por isso eu resolvi te contar um pouco mais do que me norteia aqui mesmo, para você ler na hora que der e tentar descobrir se a gente vê a vida de um jeito parecido. A emoção mais legal é aquela mais genuína, que vem direto do coração e acontece antes de passar pelo cérebro. Eu quero sim o seu sorriso, mas busco o seu sorriso de alegria, não seu sorriso de foto. Isso quer dizer que eu trabalho da forma menos invasiva possível; quanto mais você esquecer que eu estou por ali, mais fiel a você e às suas emoções serão as fotos! A vida tem muito mais momentos simples e corriqueiros, do que momentos de super produção e glamour. E todos tem a sua beleza, a sua grande importância, sua dúzia de razões para ser lembrado pra sempre. Dia desses o Antonio Prata, cronista que eu adoro, escreveu um texto que versa sobre a importância desses momentos tão cotidianos. Vou colocar aqui uns trechinhos, mas vale ler ele todo: chama-se “Recordação” e é lindo!
O motorista de táxi está contando para o Antonio sobre a saudade que sente da esposa, já falecida. Aí vem esse diálogo: – No começo foi complicado, agora to me acostumando. Mas sabe que que é mais difícil? Não ter foto dela. – Cê não tem nenhuma? – Não, tenho foto sim, eu até fiz um álbum. Mas não tem foto dela fazendo as coisas dela, entendeu? Que nem: tem ela no casamento da nossa mais velha, toda arrumada. Mas ela não era daquele jeito, com penteado, com vestido. Sabe o jeito que mais lembro dela? De avental. (…) Tenho pensado muito nisso aí, das fotos, falo com os passageiros e tal e descobri que é assim, é do ser humano mesmo. (…) Não faz sentido, pra que a pessoa quer gravar as coisas que não são da vida dela e as coisas que são, não?
Se eu puder te dar um conselho, além de usar protetor solar, te diria pra fotografar a sua vida. As datas importantes, as roupas de festa, os saltos altos, claro. Mas não deixe de lado o seu cotidiano, aquelas coisas simples que você faz todo dia ou quase sempre. O programa que você e o amor da sua vida curtem fazer. A diversão de fazer uma comida gostosa enquanto bate papo com quem está em volta. A tarde brincando de cabaninha no meio da sala com seus filhos. O passeio de bicicleta num dia de sol. Não tem glamour, mas tem alegria, tem diversão, tem amor. Tem a história da sua vida. Venha conversar comigo, me diz a sua idéia que a gente faz acontecer! Você faz a sua vida acontecer e eu trato de conta-la, para você guardar, rever, compartilhar.